Sem arrependimentos!

Há umas semanas atrás, li um artigo, numa publicação americana, que explicava como é possível uma mulher conciliar a carreira e a maternidade. Reparem que o assunto "carreira vs maternidade/paternidade" é um assunto que apenas as mulheres têm que conciliar. Claramente, para o mundo os homens facilmente resolvem esta questão. Não abdicam de nada. Têm tudo: carreira e família. Já nós, as desgraçadinhas das mulheres, temos que nos dobrar, desdobrar, voltar a dobrar para conseguir ter uma família e uma carreira. 


Mas porquê?

No momento que nos tornamos mães somos rotuladas. Levamos imediatamente o carimbo "Mãe" na testa. E com este carimbo, vêm os outros:
      - agora quando os míudos ficarem doentes, já não aparece para trabalhar!
      - agora vai ser só a conversa insuportável dos filhos!
      - agora vai andar sempre de telefone atrás para saber da canalha!
      - agora vai chegar à hora de ir embora e vai sair impereterivelmente à hora!
      - agora vai pedir para sair mais cedo, chegar mais tarde, sair a meio da manhã porque tem reuniões de pais, festas na escola e avaliações para ouvir!

E, muito provavelmente, nada disto é mentira. É tudo verdade. Depois de sermos Mães, a maioria, pelo menos, os filhos são o Norte no nosso compasso. São a luz no fundo do tunel. São o alvo, e nós a flecha. O que ninguém se lembra, ao rotular é que:
      - agora quando os míudos ficarem doentes, já não aparece para trabalhar! (quantas vezes, não fomos trabalhar doentes, cabeça a latejar, horas a fio?)
      - agora vai ser só a conversa insuportável dos filhos! (quantas vezes ouviu o nosso marido a conversa insuportável da reunião que nunca mais acabava ou KPI tão perto de atingir?)
      - agora vai andar sempre de telefone atrás para saber da canalha! (quantas vezes andamos de telefone pessoal atrás, fora da hora de expediente, a tratar de assuntos para a empresa?)
      - agora vai chegar à hora de ir embora e vai sair impereterivelmente à hora! (quantas horas, que se transformam em meses, foram dados à empresa?)
      - agora vai pedir para sair mais cedo, chegar mais tarde, sair a meio da manhã porque tem reuniões de pais, festas na escola e avaliações para ouvir! (quantas vezes, saímos mais cedo para nos deslocarmos para reuniões que terminam bem depois da hora, ou, quantas vezes nos deslocamos kms e kms para outro local, a nosso custo, para o bem da empresa?)

Ser mulher não é fácil. Somos mães e... puff! Tudo o que eramos antes... desaparece. Passamos de bestiais a bestas. De indispensáveis a descartáveis. Tudo porque os filhos são a nossa prioridade e, temos coragem de o assumir perante tudo e todos. 

Tirei 5 meses de licença da minha Mafaldinha. Prolonguei com mais 3 meses com apenas 25% do ordenado. Pedi que me fosse concedido, ao abrigo da Lei, tempo parcial para conciliar a minha vida profissional com as minhas obrigações familiares. Recebi uma chamada dos Recursos Humanos para negociarmos uma maneira de ficarmos as duas partes felizes, já que, não é do interesse da empresa ter alguém a part-time. A empresa está há uns anos a reduzir gradualmente o seu efetivo e queríamos saber se ponderou algo mais que trabalhar na  ***** (entenda-se, um dos maiores empregadores privados nacionais). Mas Joana, note por favor que isto não é contra si. O seu perfil é inegavelmente excecional e as suas avaliações em todos os momentos são excecionais. Isto tem simplesmente a ver com o seu pedido. Mais valia, assumirem que tem a ver com ter sido Mãe. Lidei com revirar de olhos que transmitem claramente o rótulo de "Mãe" e, ainda mais claramente, o rótulo de "má profissional". Honestamente, ao olhar para trás na minha vida, quero ter uma certeza: para a empresa posso ter sido "má profissional" - ainda que discorde veementemente. Mas, antes "má profissional" para a minha empresa que, "má Mãe" para os meus filhos!

Forget your balls and grow a pair of tits: it's hard out here for a bitch! - Lily Allen
All change!! Time to move on to better things :)

Comentários

  1. É como diz o outro "É uma filha da put***". É uma vergonha.
    Mentalidade pequena e pouco conhecedora da capacidade da Mulher que pode, ao mesmo tempo, ser boa profissional e boa Mãe. Não importa se apesar de não trabalhares uma manhã ou uma tarde, as horas em que estás na empresa serem mais produtivas e profícuas de que pessoas que estão simplesmente a passar tempo, a cumprir horário e a desempenhar mecânicamente uma tarefa.
    É um desalento e é por isso que há Mulheres que se tornam Mães mais tarde, para tentarem garantir o seu lugar no mercado. Mas depois, apesar de serem excelentes profissionais, todo o esforço é esquecido e dão-lhes um novo rótulo - MÃE. e neste tempo a Mulher perdeu tempo e para quê?

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