Empatia entre Mães
Estive, há dias, no centro de saúde. Fomos, apenas, tomar uma vacina. Tinha atrás de mim uma menina claramente com febre. Devia ter cerca de 4 anos e estava a tremer. Reconheço aquele balbuciar e aqueles olhos brilhantes e pequeninos. Não quer tomar o benuron. A mãe está desesperada. Sinto-lhe o desespero porque o conheço tão bem. A mãe está a tentar manter a calma mas sei que os piores cenários lhe passam pela cabeça. Ela só quer que alguém lhe dê colo. O colo que ela está a dar à filha, que teima em não tomar o benuron. Gostava de lhe dizer, à mãe, que sei o que ela está a passar. Conheço o sufoco. Olho para ela e sorrio. Sei que ele percebeu. A miúda tomou o benuron. Ufa. A mãe fica mais aliviada (e eu também). Minutos depois o benuron vem todo para fora, juntamente com o vómito. A menina faz xixi nas cuecas. A mãe olha para mim, na clara procura de apoio e suporte, ainda que seja apenas com um olhar. Eu sorrio e murmuro apenas um “vai passar”, como tantas outras mães me murmuraram