Coisas que ninguém me disse

Há imensas coisas, relacionadas com isto da maternidade, que só aprendi por experiência. Ou nunca me tinham dito ou, nunca tinha pensado nisso. Ficam aqui as coisas que ninguém me disse, mas que eu aprendi. 

1. Depressão Pós-Parto - eu achava que depressão pós parto implicava duas coisas: tristeza e sentimentos negativos e de repulsa ao bebé. Mas... NÃO! Errado! Erradíssimo! Do António a coisa complicou... Muito! Mas, nunca, em momento algum senti que não amava o meu filho. Nunca. Antes pelo contrário. Triste?!? Talvez algumas vezes mas, o que mais marcou o pós-parto do António foi a ansiedade. Tive durante, pelo menos dois anos, ataques de ansiedade em relação ao António e à maternidade. Andava constantemente debaixo de um nevoeiro de ansiedade e angústia. Nos primeiros meses, quase não dormia e cheguei a pedir ao meu marido para fazermos turnos para velarmos o sono do António. Achava que era uma péssima mãe e que tudo o que lhe acontecia (ou que não acontecia) era minha culpa. Achava que não merecia aquele amor, nem tão pouco, que Deus me desse um bebé tão perfeito. Foi preciso ajuda externa para acalmar esta ansiedade e domesticá-la. O que ajudou?!? Umas palavras (sábias) da minha Mãe (who else?!?). Numa conversa, banhada pelas minhas gordas lágrimas, angustiada com a saúde do meu filho, a minha Mãe disse-me: "-Tens noção que esses medos não fazem sentido, não tens?!?!? [-respondi que sim. Eu sei que são infundados mas a ansiedade tem esse poder: sabemos que não faz sentido, mas não controlamos o medo]. Sabes que o teu marido, que é um excelente Pai, ama tanto o teu filho como tu, não sabes?!?!? [claro que sim. Escolhi um bom marido, mas um, ainda melhor, Pai para eles]. Então, já que sabes que não estás a pensar claramente, guia-te pelo teu marido. Confia nele. Confia na opinião dele. Se ele achar que há motivos para preocupação, preocupa-te. Senão, tenta acalmar o teu coração.". Fez-se um click  na minha cabeça. A minha ansiedade tinha-me feito esquecer que eu não estou só no mundo. Fez-me esquecer que, no barco da maternidade, também há lugar para outros e não só para mim. Percebi que não estava sózinha! Também fiz terapia, mas as palavras da minha Mãe foram decisivas e é nessas palavras que penso quando o medo aparece para me assombrar.

2. Amamentar - Amamentar é fácil! ahahahahah, que enganada que estava. Cresci a achar que era fácil por ver as minhas tias a, literalmente, sacarem das mamas para amamentar os meus primos. Para mim era super natural e super facil. NÃO É. Amamentar dói. Amamentar requer que dois seres que acabaram de se conhecer, que se conheçam intimamente num curto espaço de tempo. Amamentar implica canais entupidos (até hoje, já me aconteceu duas vezes) - DÓI. DÓI MUITO. Fica uma espinha com leite seco e encaroçado no mamilo e é preciso furar e retirar a pele por cima com uma agulha. Já disse que dói... muito?!? Além disso, é preciso esfregar para tirar o leite seco que lá fica. Ah, as mastites nem sempre têm mau aspeto. Tive uma, até hoje, e espero não ter nunca mais. Febre. Febre a sério. Dores no corpo. Dores horríveis de cabeça. E dores na mama. Mas, de aspeto absolutamente normal. Não ficou dorida, não ficou vermelha. Nada. Brufen + Benuron + massagens + muita amamentação = 1 dia de cão e dia seguinte como se nada fosse.

3. Parto natural vs Cesariana - Eu achava que o parto normal é o melhor. Grande erro, logo aí. Não que a cesariana seja melhor. Simplesmente não há melhor. Cada mulher sabe o que é melhor para si. Mas, eu julgava que só os partos normais poderiam ser humanizados e que as cesarianas, sendo uma cirurgia, sempre mais mecânicas ou instrumentalizadas e,por sua vez, não humanizadas. Como eu estava errada. Sem grandes detalhes, o António foi parto normal, com ventosa, no Hospital de Gaia. Foi tudo menos humanizado. Aliás, desumano será um bom adjetivo. O parto da Mafaldinha foi uma cesariana programada no Hospital São João. Foi cesariana e programada porque, fiquei incontinente do parto do António. Fiz a cirurgia para corrigir e com o parto normal, ficaria novamente incontinente. Foi fantástico. Senti-me respeitada, acarinhada e acima de tudo, senti que tudo estava a celebrar aquele momento mágico do milagre da vida.

Há mais coisas que ninguém disse e que aprenderam? Ah, relativamente às dores do parto, nisso nunca fui enganada ao que ia... A minha (querida) Mãe sempre me respondeu, quando lhe perguntava, ainda míuda, se ter bebés doía:
"-Não Filha. É só como se comesses uma pevide e depois tivesses que c*gar a melancia inteira!...."

CONFERE!





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