Entre o António e a Cirurgia

É a minha versão de "entre a espada e a parede". O António, meu rico filho de 4 anos, desde os 2 que faz crises sucessivas de 'ites. Ele é amigdalites, ele é adenoidites, etc. Então, o primeiro ano na escola foi um descalabro. Já sabiamos que, mesmo antes do otorrino o dizer, que teria que ser operado. É uma maleita genética (o puto não podia ficar só com o bom, certo??!?). Têm que sair as amigdalas, as adenóides e eventualmente tem que colocar tubinhos para ventilar os ouvidos. Ora, apesar do meu lado hipocondríaco, sei que recorri a bons profissionais e dentro do que a cirurgia acarreta, julgo estar relativamente calma (por enquanto, vá). Lamento, do fundo do meu coração não ser no SNS do qual sou fã, mas a espera era incomportável para o caso dele. O meu dilema é o pernoitar. Sou mãe, também, de uma raticha (nome carinhoso cá de casa) de 2, quase 3, meses. Esta raticha é amamentada em exclusivo e biberão nem vê-lo que, as maminhas da minha mãe é que são boas (suponho que seja o que ela pensa). E eu fico no maior dilema de uma mãe: entre um filho e outro. Quero dar colo ao mais velho que tanto precisa de mim, mas a mais nova vive no meu colo e, apesar de dizermos sempre que “colo de mãe chega para todos” , por vezes, apesar de cruel, não é assim. 

Vou tentar desdramatizar mas quem me conhece sabe que não há febre que seja tão bem medida como por mim, não há benuron melhor dado que por mim e não há consolo melhor do que dado mim. Não porque seja a melhor a fazê-lo, mas porque toda a intensidade do meu ser está nestes dois seres gerados dentro de mim. 

O António trouxe consigo o amor novo, um cavalo bravo a correr e a força desmedida de um amor tão intenso e tão carnal. A Mafaldinha trouxe-me a calma de um segundo amor, os minutos que eu quero aproveitar intensamente sem a pressa do próximo passo e a culpa. Ser mãe de dois é conviver com a culpa permanente de, apesar do “colo de mãe chegar para todos”, na verdade não ser tão verdade assim.